A Polícia Civil do Piauí concluiu as investigações de um dos casos mais chocantes já registrados no estado. O inquérito, que apurou uma série de envenenamentos que resultaram na morte de oito pessoas em Parnaíba, cidade localizada a 337 km norte de Teresina, culminou na prisão da matriarca Maria dos Aflitos e de seu companheiro, Francisco de Assis. De acordo com as investigações, o casal participou ativamente do envenenamento de filhos, netos e uma vizinha.
Os envenenamentos começaram em agosto de 2024, quando João Miguel Silva, de 7 anos, e Ulisses Gabriel Silva, de 8, passaram mal após ingerirem alimentos contaminados. Os meninos eram filhos de Francisca Maria da Silva (vítima fatal) e netos de Maria dos Aflitos. Eles foram internados em Teresina e morreram semanas depois.
De acordo com a polícia, Francisco de Assis afirmou às assistentes sociais do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde e à polícia que os meninos haviam consumido cajus supostamente doados por Lucélia Maria da Conceição, vizinha dos fundos da residência. No dia seguinte, 23 de agosto, Maria chegou a registrar um boletim de ocorrência contra a vizinha, acusando-a diretamente pelos envenenamentos. Enquanto isso, Francisco de Assis entregou à polícia uma sacola contendo cajus que supostamente seriam aqueles doados por Lucélia.
Além das afirmações iniciais de que João Miguel Silva e Ulisses Gabriel Silva ingeriram cajus supostamente envenenados, todos os outros depoimentos feitos pelo casal Maria dos Aflitos e Francisco de Assis, além de outros familiares, contribuíram para o desvio das investigações naquele momento.
Ainda segundo a PC, Lucélia é descrita por testemunhas como uma mulher com temperamento explosivo e histórico de desavenças com crianças da região. Durante a investigação, a polícia, cumprindo mandado de busca e apreensão, encontrou terbufós na casa de Lucélia, substância que a vizinha havia negado possuir. Além disso, um gato foi encontrado morto em frente à sua residência e a perícia confirmou que ele também havia sido envenenado com terbufós.
Em depoimento, Lucélia declarou que o irmão a havia ensinado a usar o pesticida nos cajus para matar morcegos, o que reforçou as acusações de Maria dos Aflitos. Diante dessas evidências, Lucélia foi presa preventivamente.
Ela foi solta no dia 13 janeiro deste ano após um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), descartar a presença de veneno nos cajus.
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